Mais do que falar...
Há acontecimentos e atos que nos revoltam e levam à raiva muito particularmente quando acreditamos e sabemos que tais poderiam ser prevenidos e evitados se tão somente os princípios e valores que tanto orgulhavam e, de certa forma, eram a marca registada do Caboverdiano, continuassem a ser promovidos e cultivados.
Infelizmente e com profunda mágoa tenho de reconhecer isto, todos estes nossos males sociais e que acabam por desembocar neste tipo de violência, têm a sua origem em casa, no lar, no seio da família que desgraçadamente perdeu o seu sentido de ser.
Eu sei que há muitas "justificativas" e que cada um, conforme a sua conveniência e ou quota de responsabilidade, defenderá o seu quintal, mas sejamos honestos para connosco mesmos e paremos um bocadinho para desapaixonadamente, sem coração aos pulos, mas com cabeça fria, examinar a situação para ver de que forma, todos juntos, poderemos agregar esforços e intencionalmente caminhar para melhoria da situação.
O que acontece é que, tal como eu que escrevo este pensamento no conforto da minha casa, a quase totalidade de nós todos não faz mais do que isto. Limitamo-nos a ver tudo e a comentar de dentro do nosso conforto. Não levamos estes nossos comentários e sugestões para o lado prático. Sim, temos medo de ser apedrejados e escorraçados com garrafadas e palavrões, mas é preciso correr o risco, ir lá onde está a origem do mal e dizer de forma clara, olhos nos olhos, que queremos ajudar, contribuir e participar na mudança que precisamos.
Eu individualmente, as entidades civis, sociais, religiosas, políticas, educativas, de segurança, associativas, sem fato e gravata, sem flashes intermitentes, sem câmeras fotográficas, por outras palavras, pacificamente, de jeans, sapatilhas e t-shirts ou camisolas anónimas, sem cestas básicas nem promessas de envelopes fechados mas armados e equipados com propósitos claros, vamos até estes locais onde a desgraça e o vandalismos são construídos tornando-se o pão nosso de cada dia e propositalmente envolver na promoção da diferença. Entremos nas casas, pedindo licença com todo o respeito, sentemos e conversemos com estas mães solteiras, estes casais ou pais solteiros, não para ajuntar estatística ou coletar informações apenas para escrever artigos e produzir documentários; cheguemos com o desejo real e a vontade séria de ajudar e mudar.
Lembremos que toda a mudança, por maior que seja, começa sempre com um primeiro passo e este, 99 por cento das vezes, é bem pequeno e quase insignificante.
Um abraço e um domingo abençoado para cada um.
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